terça-feira, 5 de abril de 2011


Cristo é a Ressurreição e a vida - Watchman Nee




"Conhecer a cruz é conhecer a ressurreição".
“Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida.” Jo 11:25
Nas questões espirituais somos confrontados com um sério problema. Frequentemente pessoas servem a Deus com habilidades naturais, em vez de servirem com as (habilidades) da vida de ressurreição. Muitos tem zelo, mas poucos tem um zelo ressurreto – um zelo que passou pela morte e ressurreição. Observamos vários irmãos trabalhando hábil e diligentemente e, no entanto, essa habilidade e diligência são do primeiro grupo – o natural – e não do segundo, pois não passaram pela morte. Se nossa vida perante Deus é vivida no poder desses elementos naturais, não podemos dizer que tenhamos vida de ressurreição.
Alguém pode perguntar: “O que é Corpo de Cristo?” O Corpo de Cristo é de onde a ressurreição de Cristo é manifesta. Em outras palavras, o que quer que não pertença à ressurreição, não tem qualquer parte no Corpo de Cristo. A Igreja não é o lugar onde você introduz algo da sua inteligência e eu acrescento algo da minha habilidade em lidar com as pessoas. A Igreja não é edificada através da nossa contribuição com habilidades materiais. A Igreja exclui tudo o que é natural e aceita somente o que é ressurreto. Sempre que o natural se manifesta, a Igreja perde o seu caráter. Na Igreja não pode haver nenhum elemento que não seja ressurreto.
Muitos irmãos perguntam como a Igreja pode ser uma. Temos que compreender quão fútil é tentar alcançar a unidade pelos meios humanos. Os filhos de Deus precisam conhecer à unidade. Nenhum método é efetivo, a menos que o povo de Deus experimente o Calvário. Nenhum problema na Igreja é resolvido quer por estratégias ou engenhosidade humanas. Na Igreja não há lugar nem para a carne, nem para o que é natural, pois ambos a danificarão. É bem verdade que a Igreja requer as contribuições e os ministérios dos homens; no entanto, deve haver a marca da morte sobre eles. Ressurreição é ser útil tendo a marca da morte. O próprio Senhor é a ressurreição, e Ele deseja ter uma Igreja ressurreta.
Se desejamos ter tal experiência, então devemos nos voltar para Deus para que Ele faça a Sua obra em nossas vidas. Talvez estejamos bastante familiarizados com muitos ensinamentos; no entanto, sem recebermos um golpe básico do Senhor, permaneceremos os mesmos. Algumas vezes escorregamos e caímos. É verdade que sentimos a dor; no entanto, ela dura por poucos dias ou meses. Mas se houvéssemos sido golpeados por Deus e suficientemente quebrantados, não ficaríamos doloridos por apenas uns poucos dias ou poucos meses; conservaríamos essa ferida por toda a nossa vida. Mancaríamos para sempre diante de Deus e a marca da cruz estaria sempre sobre nós.
Muitos anos após Paulo ter tido a visão na entrada de Damasco, ele deu o seguinte testemunho: “Pelo que... não fui desobediente à visão celestial” (At 26:19). Se o Senhor tiver misericórdia de nós e um dia nos golpear severamente, nosso velho eu nunca será capaz de se levantar novamente. A ferida permanecerá em nós para sempre. Da mesma forma, como era possível tocar a ferida assim nunca desapareceria das vidas dos que hoje conhecem o Senhor como a ressurreição. Experimentando esta ferida, nunca mais nos atreveremos a orgulhar em nós mesmos e em nossa força. Uma vez abatidos pelo Senhor, não nos levantaremos mais. Que as marcas da cruz sejam cada vez mais evidentes em nossas vidas.
Nesta matéria, toda artificialidade é inútil, pois tudo aquilo que é simulado logo será esquecido. Mas uma vez que o sacrifício é colocado no altar e imolado, ele não se levanta nunca mais. Se sofrermos esse golpe, compreenderemos então quão incapazes, acabados e nulos somos. O nosso conhecimento da ressurreição é testificado por esta marca de morte. Conhecer a cruz é conhecer a ressurreição. Oh! Quantas são as coisas que nunca se levantarão novamente; se foram para sempre ao passar pela cruz. Somente o que pode resistir à cruz possui valor espiritual. O que entra na sepultura e ali permanece é algo morto, no entanto o que sai da sepultura levando a marca da cruz é ressurreição.
Oremos para que verdadeiramente possamos conhecer que Cristo é a nossa ressurreição e a nossa vida. Que o Senhor possa eliminar muitas coisas em nós. Que somente Ele nos leve a ter mais da Sua vida, como também menos de nós mesmos. Quão frequentemente vivemos de acordo com o que é natural, não conhecendo a disciplina de Deus e nem a cruz. Peçamos ao Senhor que, em Sua misericórdia, o que é natural possa gradativamente diminuir em nós, enquanto que o ressurreto possa ser cada vez mais manifesto. Que a vida e a ressurreição possam ser realidades – não teorias – para nós. Possa Ele nos mostrar que não há ressurreição quando apresentamos nossas ações naturais, pois só produzem o que é natural e carnal. Possa Ele expor a nossa carne pela luz da ressurreição. Se ainda não conseguirmos ver, que o Senhor seja misericordioso. Amém!
Extraído do Livro: “Cristo, a Essência de Tudo o que é Espiritual” – Ediçöes Tesouro Aberto

O Medo De Crer - C.H Spurgeon



"Deixe o ego morrer, para que Cristo possa viver em você. "
O medo de crer é um produto singular da nossa natureza doentia. Eu mesmo tenho me encontrado com ele freqüentemente: tão freqüentemente que espero poder nunca mais vê-lo novamente. Ele parece humildade, e tenta se passar como uma verdadeira modéstia da alma e, contudo, é orgulho infamante: na verdade, é a presunção representada pelo hipócrita. Se os homens temessem descrer haveria bom senso no medo; mas ser temente em confiar em Deus é na melhor das hipóteses absurdo, é sem dúvida uma forma enganosa de recusar ao Senhor a honra que é devida à Sua fidelidade e verdade.
Quão inútil é a diligência que se ocupa em encontrar motivos pelos quais a fé, no nosso caso, não poderia estar salvando. Temos a Palavra de Deus para isto, para que todo aquele que creia em Jesus não pereça, e procuramos por argumentos porque deveríamos perecer se cremos. Se alguém me desse uma propriedade, eu certamente não começaria a levantar questões com relação à escritura. O que adianta inventar razões pelas quais eu não possuiria minha própria casa, ou alguma outra parte de uma propriedade que é desfrutada por mim? Se o Senhor está satisfeito em salvar-me pelos méritos do Seu querido Filho, seguramente posso estar satisfeito por ser salvo deste modo. Se eu aceitar Deus em Sua Palavra, a responsabilidade do cumprimento da Sua promessa não está comigo, mas com Deus, que fez a promessa.
Mas você teme que talvez não seja um daqueles para os quais a promessa é destinada. Não esteja alarmado por essa suspeita inútil. Nenhuma alma jamais veio a Jesus erroneamente. Ninguém pode vir a menos que o Pai o atraia; e Jesus disse, “Aquele que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora.” Nenhuma alma jamais se agarra a Cristo de forma roubada; aquele que O tem O tem por direito divino; pois a doação do Senhor de Si mesmo por nós, e para nós, é tão gratuita, que toda alma que O recebe tem um direito gracioso de assim fazê-lo. Se você se agarra a Jesus pela orla de Sua veste, sem permissão e por de trás dEle, ainda assim virtude fluirá dEle para você tão certamente como se Ele tivesse chamado você pelo nome e dito para você confiar nEle. Rejeite todo medo quando você confia no Salvador. Recebe-O e seja bem-vindo. Aquele que crê em Jesus é um eleito de Deus.
Você acha que seria uma coisa horrível se você confiasse em Jesus e ainda assim perecesse? Seria mesmo. Mas como você deve perecer se não confiar, o risco na pior das hipóteses não é muito grande.
Suponha que você esteja no Pântano do Desânimo para sempre, qual será o benefício disso? Certamente seria melhor morrer se esforçando ao longo da auto-estrada do Rei em direção à Cidade Celestial, do que afundar mais e mais fundo na lama e na imundícia das trevas dos pensamentos desconfiados! Você não tem nada a perder, porque já perdeu tudo; portanto dê um basta nisso e ouse crer na misericórdia de Deus para com você, até mesmo para com você.
Mas alguém se lamenta, “E se eu for a Cristo, e Ele me recusar?” Minha resposta é, “Prove-O”. Atire-se sobre o Senhor Jesus e veja se Ele o recusa. Você seria o primeiro contra quem Ele teria fechado a porta da esperança. Amigo, não cruze aquela ponte até que você chegue a isso! Quando Jesus o lançar fora, será tempo de muita desesperança; mas esse tempo nunca chegará. “Este homem recebe pecadores”, Ele não tem tantos para começar a lançá-los fora.
Você nunca ouviu sobre o homem que uma noite perdeu o seu caminho, e foi parar na borda de um precipício, assim pensou ele, e em sua própria apreensão caiu no precipício? Agarrou em uma velha árvore, e ficou suspenso ali, preso ao seu frágil suporte com toda a sua força. Sentiu-se convencido de que, se deixasse seu suporte, seria feito em pedaços sobre alguma rocha terrível que estava esperando por ele logo abaixo. Ali pairou, com suor sobre sua testa, e sofrimento em todo o braço. Entrou em um estado de desespero de febre e debilidade, e por fim sua mão não podia mais sustentar seu corpo. Relaxou sua força! E caiu do seu suporte! Caiu quase trinta centímetros ou mais, e foi parar em um macio banco de musgo, onde se deitou, sem ferimento algum e perfeitamente salvo até pela manhã. Deste modo, nas trevas da sua ignorância, muitos pensam que certa destruição os espera se confessarem seus pecados, abandonarem toda esperança em si mesmos e renunciarem se a si mesmos nas mãos de Deus. Temem deixar a esperança nas quais ignorantemente se agarram. É um medo inútil. Desista da sua esperança em qualquer coisa a menos de Cristo, e caia. Caia de toda confiança em suas obras, orações ou sentimentos. Caia de uma vez! Caia agora! Macio e seguro será o banco que o recebe. Jesus Cristo, em Seu amor, na eficácia do Seu precioso sangue, e Sua perfeita justiça, dará imediato descanso e paz. Cesse com a autoconfiança. Caia nos braços de Jesus. Esta é a maior parte da fé deixar todo outro suporte, e simplesmente cair sobre Cristo. Não há razão para temer, somente a ignorância motiva seu medo daquilo que será sua segurança eterna. A morte da esperança carnal é a vida de fé, e a vida de fé é vida eterna. Deixe o ego morrer, para que Cristo possa viver em você.
Mas o ruim é que não podemos conduzir os homens ao ato de fé em Jesus. Eles adotarão algum recurso antes mesmo que o possamos fazer. Eles procuram evitar crer, e temem a fé como se ela fosse um monstro. Oh tolos vacilantes, quem os enfeitiçou? Vocês temem aquilo que poderia ser a morte de todo medo e o começo da alegria. Por que vocês pereceriam por perversamente preferir outros caminhos para o próprio plano de salvação apontado por Deus?
Meu Deus! Existem muitas e muitas almas que dizem, ´Somos convidados a confiar em Jesus, mas em vez disto freqüentaremos regularmente os expedientes da graça.´ De toda maneira freqüentaremos o culto público, mas não como um substituto para a fé ou isto se tornará uma vã confiança. O mandamento é, “creia e viva”, atente para isto em tudo o quê você faça. “Bem, devo considerar a leitura de bons livros, talvez obtenha benefício desta forma.” Sem dúvida lemos os bons livros, mas isto não é o Evangelho. O Evangelho é, “Creia no Senhor Jesus Cristo, e você será salvo.” Suponhamos que um médico tenha um paciente sob seus cuidados e diga a ele, “Tome um banho pela manhã; isto será de grande ajuda para a sua enfermidade.” Mas o homem toma uma xícara de chá pela manhã ao invés do banho, e diz, ´Isto fará bem também, não tenho dúvida.´ O que seu médico dirá quando perguntar, ´Você seguiu minha instrução?´ ´Não, não segui.´ ´Então não espere, com certeza, que haverá algum bom resultado das minhas visitas, já que você não cumpriu a minha orientação.´ Assim nós, quando estamos debaixo do exame da alma, de modo prático, dizemos a Jesus Cristo, ´Senhor, Você me disse que confiasse em Você, mas eu prontamente faria algo mais! Senhor, quero ter horríveis convicções; quero ser sacudido sobre a boca do inferno; quero ser amedrontado e afligido!´ Sim, você quer qualquer coisa que não seja o que Cristo prescreve para você, que é que você simplesmente confie nEle. Quer você sinta ou não sinta, lance-se sobre Ele, pois Ele, e somente Ele, pode salvar você. ´Mas você não pretende falar contra a oração, ler bons livros, e assim por diante?´ Não digo nem uma única palavra contra nenhuma destas coisas, nenhuma mais da que falaria contra o homem beber uma xícara de chá, se eu fosse o médico que mencionei. Deixe-o tomar seu chá; mas não se ele o bebe ao invés de tomar o banho que está prescrito para ele. Por isso deixe o homem orar, quanto mais melhor. Deixe o homem examinar as Escrituras, mas lembre-se de que se estas coisas são colocadas no lugar da simples fé em Cristo, a alma estará arruinada. Tenham cuidado para que nosso Senhor não diga de qualquer um de vocês, “Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam; E não quereis vir a mim para terdes vida.”
Venha pela fé a Jesus, pois sem Ele você perece para sempre. Você notou como um pinheiro se sustenta em meio a rochas que parecem não proporcionar a ele solo algum? Ele lança uma pequena raiz dentro de cada pequena brecha que abre; ele se agarra até mesmo na rocha exposta como uma imensa garra de pássaro; ele segura forte e se une a terra com uma centena de ancoragens. Freqüentemente vemos árvores assim firmemente enraizadas sobre montes isolados de rocha exposta. Agora, querido coração, deixe esta ser a imagem de você mesmo. Agarre-se na Rocha das Eras, com a pequena raiz da pequena fé baseada nEle. Deixe aquele minúsculo tentáculo crescer e lançar outro para adquirir uma nova compreensão da mesma Rocha. Agarre-se a Jesus, e se mantenha agarrado a Jesus. Cresça nEle. Enlace as raízes da sua natureza, as fibras do seu coração, em torno dEle. Ele é tão gracioso para você como as rochas o são para os pinheiros; esteja firmemente amarrado a Ele como o pinheiro está na encosta da montanha.

Do livro ´Around the Wicket Gate´ (Perto da Porta da Meta).
http://www.preciosasemente.com.br/

Palavra do dia


A Fiel Provisão de Deus - Hudson Taylor



"Conhecendo Deus através das dificuldades".

Nosso Deus, não raramente, permite que seu povo passe por dificuldades com o propósito de levá-los a conhecê-lo de uma forma que seria impossível sem aquela experiência. Em seguida, ele se lhes revela como “socorro bem presente na angústia” e traz verdadeira alegria aos corações a cada nova manifestação da fidelidade do Pai. Mesmo conseguindo enxergar uma parte tão pequena dos doces frutos da tribulação, já podemos sentir muitas vezes que não nos privaríamos deles por nada neste mundo. Quanto mais haveremos de bendizer e engrandecer seu Nome quando todas as coisas invisíveis e imperceptíveis forem trazidas à luz!
No outono de 1857, apenas um ano depois de me estabelecer em Ningpo, na China, um pequeno incidente ocorreu que contribuiu muito para fortalecer nossa fé na bondade e no atencioso e vigilante cuidado de Deus para conosco.
Um irmão em Cristo, o pastor John Quarterman, da Missão Presbiteriana do Norte, foi acometido por um caso virulento de varíola, e foi meu doloroso privilégio cuidar dele durante o sofrimento da sua doença até seu funesto final. Quando tudo acabou, era necessário que eu descartasse todas as roupas que havia usado durante o período de contato com o paciente, para evitar a transmissão da infecção a outros. Contudo, sem o dinheiro necessário para comprar outras no lugar daquelas, meu único recurso era a oração.
O Senhor me respondeu por meio da chegada de uma caixa, há muito extraviada, contendo roupas enviadas de Swatow (em outra região da China), no verão do ano anterior. A chegada desta encomenda naquele exato momento tanto foi apropriada como surpreendente, e causou uma doce percepção da provisão soberana do Pai.
Um Canal de Ajuda a Outros
Muitos parecem achar que sou muito pobre. Isto realmente é verdade, num sentido, mas dou graças a Deus porque sou “pobre, mas enriquecendo a muitos; nada tendo, mas possuindo tudo” (2 Co 6.10). E o meu Deus há de suprir cada uma das minhas necessidades, a ele seja toda a glória! Eu não estaria, mesmo se pudesse escolher, em situação diferente daquela em que estou – totalmente dependente do Senhor e usado como canal de ajuda a outros.
No sábado passado, chegou o correio normal da nossa terra natal. Naquele dia, como sempre, havíamos oferecido um café da manhã aos pobres e necessitados, que compareceram num total de setenta pessoas. Às vezes, este número não chega a 40, outras vezes, passa de 80. Oferecemos todos os dias, com exceção do dia do Senhor, pois então não conseguiríamos atender às pessoas e ainda cumprir todas as outras obrigações antes do culto.
Bem, naquele sábado de manhã, pagamos todas as nossas despesas e fizemos a compra para o dia seguinte, o que nos deixou sem um dólar no bolso, nem no meu, nem no bolso do meu companheiro, o Sr. Jones. Como o Senhor haveria de prover para a segunda-feira, não imaginávamos, mas acima da nossa lareira tínhamos pendurado dois pergaminhos escritos em chinês: Ebenézer: Até aqui nos ajudou o Senhor; e: Jeová-Jiré: o Senhor proverá. Assim, permanecemos firmes na confiança e Deus nos guardou de duvidar dele, por um instante sequer.
Naquele mesmo dia chegou uma carta, uma semana antes do que o tempo normal, com um valor de duzentos e quatorze dólares. Agradecemos a Deus e tomamos coragem. O cheque foi levado a um comerciante e, apesar de geralmente levar vários dias para se fazer o câmbio, desta vez ele disse: “Mande buscar na segunda”.
Apesar dele não ter tido condições ainda de comprar todo o valor do cheque, recebemos um crédito de setenta dólares na nossa conta e, assim, tudo deu certo. Como é maravilhoso viver assim, dependendo diretamente do Senhor, que nunca nos falhou!
Na segunda-feira, pudemos dar o café da manhã aos pobres, como era nosso costume, pois não lhes tínhamos avisado para não virem, estando confiantes que era obra do Senhor e que ele proveria. Não pudemos evitar que nossos olhos se enchessem de lágrimas de gratidão, quando vimos o Senhor suprir, não só as nossas necessidades, mas também aquelas da viúva, do órfão, do cego, do coxo, do abandonado e do destituído, através da abundância daquele que alimenta os corvos.
Engrandecei o Senhor comigo e todos à uma lhe exaltemos o nome... Oh! provai, e vede que o Senhor é bom; bem-aventurado o homem que nele se refugia. Temei o Senhor, vós os seus santos, pois nada falta aos que o temem. Os leõezinhos sofrem necessidade e passam fome, porém aos que buscam o Senhor bem nenhum lhes faltará (Sl 34.3,8-10) – e se não é bom, por que o desejaríamos?
Outra Crise
Mas até duzentos dólares não duram para sempre e, lá pelo Ano Novo, os suprimentos estavam acabando outra vez. Finalmente, no dia 6 de janeiro, 1858, só uma moeda restou, a vigésima parte de um centavo, para mim e para o Sr. Jones juntos. Embora provados, olhamos mais uma vez para Deus, para que ele manifestasse seu gracioso cuidado. Encontramos suficiente provisão em casa para prover um magro café da manhã, depois do qual não tínhamos mais nada para o resto do dia e nem dinheiro para comprar alimento algum. Só podíamos recorrer àquele que podia suprir todas nossas necessidades através da petição: “O pão nosso de cada dia dá-nos hoje”.
Depois de oração e deliberação, pensamos que talvez devêssemos dispor de alguma coisa que possuíamos, a fim de suprir nossas necessidades mais imediatas. Porém, examinando tudo, achamos pouca coisa supérflua ou desnecessária e menos ainda aquilo que os chineses teriam probabilidade de adquirir prontamente. Teríamos direito a crédito, se assim quiséssemos nos valer dele, mas o achávamos contrário aos princípios da Palavra, como também incoerente com a posição em que estávamos.
Tínhamos, de fato, um item que os chineses poderiam ter comprado facilmente: um fogão de ferro. Entretanto, ficamos muito tristes diante da possibilidade de ficar sem ele.
Finalmente, decidimos oferecê-lo e saímos para falar com o fundidor. Depois de andar uma boa distância, chegamos ao rio, que pretendíamos atravessar por meio de uma ponte flutuante de barcos. O Senhor, porém, havia fechado nosso caminho. Na noite anterior, uma tempestade levou a ponte embora e o único jeito de atravessar, agora, era através de uma balsa, que custava duas moedas por pessoa. Como só tínhamos uma moeda, nosso caminho era claramente voltar e esperar a própria intervenção de Deus em nosso favor.
Ao chegar em casa, descobrimos que a Sra. Jones havia saído com as crianças para almoçar na casa de um amigo, um convite feito alguns dias antes. O Sr. Jones, embora convidado também, se recusou agora a ir e deixar-me em jejum sozinho. Então, fizemos mais uma busca cuidadosa em todos os armários; embora nada houvesse para comer, encontramos um pequeno pacote de chocolate em pó, que, dissolvido em água quente, ajudou a nos reavivar um pouco.
Em seguida, clamamos novamente a Deus na nossa angústia, e o Senhor ouviu e nos salvou de todas as nossas tribulações. Pois enquanto ainda estávamos de joelhos, uma carta chegou da Inglaterra contendo uma oferta.
Confiança Abundantemente Recompensada
Esta provisão oportuna não só supriu a necessidade urgente e imediata daquele dia, mas também nos deu confiança para ir em frente com o meu casamento, que estava marcado para duas semanas depois desta ocasião, na confiança segura de que o Deus a quem pertencíamos não nos deixaria envergonhados. E esta expectativa não foi desapontada, pois ainda que nossa fé fosse muitas vezes exercitada, por vezes severamente, nos anos posteriores, ele sempre se provou fiel às promessas e nunca permitiu que nos faltasse bem algum.
Nunca, talvez, existiu uma união que cumprisse mais plenamente a bendita verdade: “O que acha uma esposa acha o bem, e alcançou a benevolência do Senhor” (Pv 18.22). Minha querida esposa não foi apenas uma preciosa dádiva para mim; Deus a usou grandemente durante os doze significativos anos que lhe deu para servir numerosas pessoas neste país para onde nos enviou.
Fonte: Jornal Arauto, ano 22, nº4

A Relação entre Teologia e Espiritualidade





A relação entre teologia e espiritualidade, tão importante para termos um relacionamento mais íntimo e pessoal com Deus, não tem sido aplicada de forma correta em nossas igrejas. Existe uma forte tendência em nosso meio de sermos sempre levados ao extremo, ou seja, abraçando um lado e desprezando o outro. Podemos identificar essa realidade observando as igrejas da América do sul e da Europa. A primeira é mística, não dando muita importância a doutrina e reflexão da palavra, baseando sua teologia em experiências pessoais.                                                                                         
·A segunda prega uma teologia racional, onde a razão prevalece, e submete a bíblia à razão humana, desprezando o que é espiritual. Essa rejeição a espiritualidade, forma teólogos puramente racionalistas, teólogos que não oram, não crêem em verdades espirituais como, dons espirituais e existência de demônios e não sentem mais o desejo ardente em seus corações de ter um relacionamento mais próximo com Deus.
Diante dessa crise espiritual em que vivemos, existe uma solução!!! Equilíbrio”. Para desenvolvermos uma teologia sadia, devemos ter um equilíbrio entre teologia e espiritualidade. Coisas que o nosso intelecto não consegue compreender, só podem ser reveladas por meio da fé. A fé não pode anular a razão, mas transcende, revelando verdades espirituais não compreendidas pela limitação do nosso entendimento humano.
É necessário que haja também uma fé com entendimento, uma fé que pensa, uma fé reflexiva, para não cairmos no erro do fanatismo religioso, onde muitos se tornado alienados por falta de entendimento. Portanto, uma teologia sem espiritualidade nos leva a um racionalismo sem vida, e uma espiritualidade sem teologia, nos leva a uma fé sem entendimento.  

No contexto da igreja brasileira, a teologia não tem encontrado lugar de aceitação em nosso meio, pelo menos, em boa parte das igrejas. Existe em alguns, uma grande dificuldade de ver a teologia como algo sadio, que leva o cristão a uma fé reflexiva.
Nossa hermenêutica é deficiente, exigindo de nós mais empenho na leitura e estudo da bíblia. Outro problema que enfrentamos, é o fato de muitos fundamentarem sua teologia em experiências pessoais, baseado no misticismo, algo que acontece com bastante freqüência em nosso meio.
Necessitamos urgentemente mudar nossa visão a cerca da teologia, pois há grande necessidade de reflexão bíblica, precisamos viver um cristianismo mais reflexivo, criando assim, igrejas sadias, formando crentes bem fundamentados nos ensinamentos de cristo.
Portanto, diante dessa realidade, a teologia é indispensável para a igreja brasileira.